A Mártir

Ela aguenta tudo, dia após dia. Não pergunte porque ela não fala. Ela está em um jogo de tolerância e ninguém nunca poderá entendê-la. Tantos sonhos inacabados, tantas metas que não foram alcançadas. Ela sempre pensa neles com desgosto. Mas já é muito tarde pra ela agora, ela tem muitas coisas pra fazer. E pra piorar, ninguém se atreve a ajudá-la. Ela está completamente sozinha, carregando os problemas de todos em seus ombros, guardando todas as tristezas dentro de si.
Mas de uma maneira ou de outra toda essa frustração acaba explodindo. Um pequeno comentário rude aqui, um olhar fulminante ali, uma atitude, seu rosto mostra tudo. Ela não é um mártir – ela é uma mulher prestes a explodir.
Por que continuar fazendo tudo que é esperado de você, se por dentro você é uma bomba-relógio? Você sabe muito bem que vai chegar o dia em que vai ter que lidar com isso e provavelmente será de uma forma irracional.
Desde que eu consigo me lembrar, eu lidei com os meu problemas de uma forma bem simples e prática – sem ficar adoçando. Eu acho que peguei isso do meu pai. Eu prefiro deixar a fumaça sair antes de se acumular dentro de mim, e funciona todas as vezes. Mas tem gente que odeia esse meu jeito. Elas prefeririam que eu guardasse tudo dentro de mim e explodisse um dia, como elas geralmente fazem. Eu não acho que agir assim é saudável.
Se eu tenho um problema com você, eu vou falar com você a respeito disso. E se por algum motivo eu estou com medo de fazê-lo, eu oro e oro. Se o problema acabar, bem, se não – eu falo com você assim mesmo. Esse é um mecanismo espiritual que eu desenvolvi para não guardar mágoas, afinal de contas, elas são tão fáceis de se formar…

Cristiane Cardoso